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Palacete Jeremias Arruda

Palacete Jeremias Arruda - Fortaleza



Palacete Jeremias Arruda
, Hoje no local encontra-se o Instituto do Ceará (
R. Barão do Rio Branco, 1594 - Centro, Fortaleza - CE, 60025-061) A escada metálica de plano bombé avulta como marco distintivo da casa, lançada ao pé de um volume cilíndrico, cujo coroamento, talvez hemisférico ou bulboso, não foi construído. 





Os espaços sociais cumpriam os ritos solicitados pelo programa da edificação, definidos por ampla varanda de acesso, larga circulação interna em galeria, iluminada por lanternim, à parte o emprego de materiais de construção selecionados, como uso de telhas de Marselha, procedentes do Pará, de onde vieram, aliás, todas as madeiras – estruturais [da coberta], esquadrias, forros e pisos, estes valorizados com a aplicação de ornatos, alguns resolvidos com trabalhos de marchetaria. A solução do telhado em abas do tipo “dente de serra”, desconhecida no Ceará, faz supor que o projeto da casa não foi elaborado na Cidade.


O prédio foi construído entre 1919 e 1920 para residência do comerciante Jeremias Arruda.

Foto: Instituto do Ceará

Vendida a casa à filial paraense do Banco Nacional Ultramarino, de Lisboa, logo foi alugada por órgãos públicos, do Estado e do Município. As alterações nos espaços, entretanto, somente ocorreram quando da instalação do Ginásio Municipal em 1951, instituição que permaneceu no palacete até 1966. Na ocasião, paredes divisórias dos dormitórios foram removidas, a fim de transformá-los em salas de aula, bem como introduzidas modificações que atingiram a segunda “sala de jantar”, além de que, paralelamente, todos os espaços de serviço acabaram demolidos para a construção de instalações sanitárias coletivas. No antigo quintal, restou apenas a caixa d’água de alvenaria, desacompanhada do indefectível cata-vento metálico, talvez retirado anteriormente. Essas intervenções, que descaracterizaram a forma primitiva da casa, bem como a falta de informações pertinentes, impedem a reconstituição do uso dos espaços originais do imóvel, menos a sala onde funcionava uma capela doméstica, perceptível por uma cruz aplicada no forro de madeira.

Foto: Paulo Pamplona

Fortaleza conheceu outras casas de “porão alto”, algumas já mais recentes e, por tal razão, sem efetiva definição da tipologia. Pede registro a casa pertencente ao empresário Francisco Philomeno Ferreira Gomes (1854-1923), já demolida, a qual, embora portasse elementos característicos, seu piso inferior, com pé direito relativamente elevado, não poderia ser considerado propriamente um “porão alto”, uma vez que, de fato, resultara em um pavimento térreo. Aplicações decorativas da década de 1920 e o falecimento do proprietário, ocorrido em 1923, levam a datar-se a construção da casa naquele interstício. Localizada em esquina, caracterizava-se tanto por exibir os espaços de recepção, à frente, dispostos em recuo na rua Padre Mororó (escada e longa varanda interna), como por desenvolver lateralmente corpo no alinhamento rua Guilherme Rocha, entremeado com trecho com varanda. 




Foto: Paulo Pamplona
Foto: Paulo Pamplona





Outras referências, como dito, mostram soluções aproximadas da tipologia, como é o caso de um conjunto de casas de “três portas” construídas na rua Sólon Pinheiro, em frente do Parque da Liberdade (nº. 38 e vizinhas), hoje descaracterizadas, no todo ou em parte. Ganharam porão habitável apenas na parte frontal, certamente introduzido como aproveitamento da declividade do terreno. No grupo, difere e sobressai aquela com número 76, situada mais ao sul, que mantém certos vínculos com as casas de “porão alto”, embora se trate de obra mais nova, já posterior a 1920.

Foto: Paulo Pamplona

Houve também edificações semelhantes a casas com porão habitável, sem comércio no pavimento térreo, entretanto, ainda ordenadas espacialmente como sobrados. Entre algumas, pede menção a casa de Antônio Diogo de Siqueira, obra do começo do século, hoje demolida. Localizava-se na esquina das avenidas Tristão Gonçalves com Duque de Caxias, onde atualmente se ergue o Fórum Autran Nunes


Como mencionado, os porões das casas de “porão alto” tinham pés direitos pouco elevados, quase sempre em torno de 2,50 m, raros aqueles um pouco mais altos ou mais baixos, neste caso, escavados no solo, pois tinham piso inferior ao da calçada.21 Essas alturas limitadas dos porões faziam contraste com os elevados pés direitos dos pavimentos superiores, ainda semelhantes aos dos velhos sobrados, como podem ser vistos na própria Casa Carvalho Motta (5,10 m), nas Casas Neutel Maia (4,92 m) e Jeremias Arruda (4,96 m), bem como no desenho da Casa Moraes Correia (4,45 m). 

Foto: Paulo Pamplona



Fonte: https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/2013/03_art03.pdf

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